domingo, 11 de maio de 2008

Resumo de artigo

TEMA DO PROJETO: As relações de poder entre os saberes no cuidado psicopatológico

INTEGRANTES: André Mattos, Felipe Lôbo, Victor Martins

ARTIGO:

Foucault, M. A pesquisa científica e a psicologia. In: Foucault, M., Dits et ecrits, v. 1, p. 137-158. Paris: Editions Gallimard, 1994. Texto traduzido do francês por Patrícia Netto Alves Coelho.


O artigo situa a pesquisa científica no panorama da psicologia (na França, principalmente) com um olhar crítico, inicialmente deflagrando dois modos possíveis de se fazer psicologia (científico ou não) e se aprofundando numa discussão da ciência, pesquisa e prática na constituição da psicologia.
Foucault cita um professor para trazer a questão da existência de uma “psicologia” (filosófica) e uma “psicologia científica”, a existência de uma escolha que se deve fazer, particular ao campo psicológico. A pesquisa em psicologia, então, não seria necessariamente científica, mas implicaria em uma escolha, e o problema da identificação desta dualidade com uma verdadeira e uma falsa psicologia é resolvido ao afirmar que é a boa escolha que define a verdadeira psicologia.
A pesquisa psicológica na França teve em Binet um nome central, precedido por programas filosóficos positivistas; seu laboratório de psicologia experimental e pesquisas que o deram continuidade são referências importantes. A pesquisa na França teria nascido à margem da psicologia oficial, sendo a psicanálise um bom exemplo. É destacada, a intenção polêmica da pesquisa em psicologia, que surge contra um ensino, está sempre pondo em cheque as bases da positividade da ciência, de sua objetividade. Na psicanálise, subverte-se uma psicologia da consciência para uma psicologia do Inconsciente, onde a ciência, a pesquisa e a prática já se confundem, o objeto da ciência põe em questão o método da ciência, e mesmo se constitui através dele.
Nas confrontações consigo mesma, a pesquisa psicológica não lida com o erro científico, senão com ilusões, procurando sempre desmistificá-las. Reduz-se suas questões epistemológicas a questões psicológicas, caracterizando sua pesquisa como crítica, negativa e desmistificadora.
O ensino da psicologia é semelhante aos demais quanto à sua ineficácia, mas difere quando a orientação profissional é independente dos estudos universitários. Já a psicanálise tem seu ensino essencial em uma psicanálise didática, sem uma formação teórica mais ampla.
A prática psicológica não se fundamenta na formação teórica, de modo que a pesquisa nasce num limbo existente entre as duas, não sendo capaz de uní-las. Os testes psicológicos acabam validando-se em outros testes já validados, sem recorrer à psicologia teórica, de modo que prática acaba fundamentando-se em técnicas.
A psicologia se assemelha a outros campos ao responder por necessidades econômicas, mas difere de outras ciências, como a física, pois quando sua prática cessa, o seu objeto também se perde, restando apenas a “mitologia de sua verdade”. Ela encontra sua necessidade na negatividade das práticas humanas, e aí estabelece a sua positividade. De frente à sua escolha inicial e à necessidade de estabelecer sua positividade para configurar-se como uma psicologia verdadeira, a pesquisa volta-se para a experiência negativa do homem.
Concluindo o texto, uma crise de existência é denunciada pelo autor, onde se inscrevem as dificuldades da pesquisa psicológica: “o tempo da juventude passou, sem que a juventude tenha jamais passado”. A pesquisa, ao escolher a psicologia científica, fornece as condições de existência da sua verdade, e, portanto, o seu caminho; é a “razão de ser científica e prática da psicologia”, cuja única salvação seria um “retorno aos Enfermos”.

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