Antes de tudo, gostaria de agradecer a presença de todos e também aos colegas pela iniciativa de criar esse espaço de discussão, tão importante para o nosso Departamento. A nossa universidade vivencia um momento de transformação e é sempre importante poder participar de eventos que envolvem suas partes interessadas.
No inicio deste ano, comecei a lecionar as disciplinas de Pesquisa em Psicologia I e II. Até então, meu contato com os estudantes de Psicologia somente havia ocorrido quando dividi com a Profa. Silvia Viodres uma disciplina optativa no tirocínio, que tinha como tema central a violência. Pensando em como organizar esse novo desafio, fiquei paralisado diante de um impasse, que acredito que seja motivo de preocupação para muitos professores universitários, principalmente os mais jovens: Como ensinar os princípios básicos da ciência e do fazer pesquisa, muitas vezes endurecidos pela prática acadêmica, sem que eles sejam, chatos e desmotivadores para os estudantes?
Bom, acredito que a motivação seja a chave do nosso negócio. Sem ela, nossas salas de aula ficarão cada vez mais vazias e os alunos cada vez menos interessados no que temos a comunicar. Antes do inicio do semestre, consultei vários livros em busca de alguma estratégia que envolvesse os estudantes na prática de pensar a pesquisa. Observem o dilema: em Pesquisa em Psicologia I os estudantes chegam sem conhecer muita coisa de pesquisa, com temas de interesse sem profundidade, e/ou estão inscritos para cumprir tabela curricular, diferentemente do que acontece nas pós-graduações em que o estudante é aceito mediante a análise de um projeto de pesquisa.
O professor, neste caso, precisa muito do material do estudante. Ele precisa fazer com que essas pessoas explorem a criatividade e pensem em possíveis situações de pesquisa. Isso não pode e não deve ser um movimento solitário, restrito a cada estudante. A direção desse trabalho deve ser coletiva, num partilhar de idéias intenso, para que ao final de algumas semanas os estudantes sejam capaz de dá profundidade aos temas de interesse.
Foi pensando nisso que no inicio das aulas resolvi criar um Blog na net para os estudantes, intitulado Reinventando a Pesquisa. www.pesquisaempsicologia1.blogspot.com Esse instrumento teria duas finalidades básicas: aproximar os estudantes e os seus temas de pesquisa e aprimorar o processo de escrita acadêmica. A disciplina tornou-se, então, uma ação prática dos estudantes que deveriam postar material de pesquisa semanalmente neste espaço e consultar, freqüentemente, a evolução do trabalho dos colegas.
O primeiro passo foi uma apresentação dos estudantes, com destaque para as áreas de interesse em pesquisa. Após a formação dos grupos, começamos a utilizar o espaço para as postagens de resumos de artigos acadêmicos nos mais variados temas. Os estudantes deveriam contribuir com um resumo semanalmente, possibilitando que todos tivessem acesso ao material e analisassem se este era pertinente para o seu trabalho. Neste momento, os conteúdos da disciplina foram direcionados para o trabalho de exploração acadêmica em pesquisa pelos estudantes.
Como tudo não são flores, a troca de informações entre os estudantes não fluiu como o esperado. Foram poucos os que se engajaram imediatamente na atividade e por extensão na disciplina. Por mais que se diga “pensem no que vocês querem pesquisar”, havia uma distancia muito grande entre o dito e a realização prática. Outra vez o problema da motivação. Essa situação persistiu até a primeira avaliação, uma prova de prática em pesquisa, voltada para a identificação e análise de alguns elementos de um artigo científico. A grande maioria não obteve um resultado bom, a casa estremeceu e, enfim, os estudantes despertaram para a sua situação. Não bastava o conteúdo de sala de aula, os livros, a Xerox. Para apreender pesquisa é preciso praticar e neste momento a prática estava relacionada a ler artigos e tentar aprender com os acertos e com os erros de outros pesquisadores.
Logo no primeiro dia de aula enunciei aos estudantes a seguinte frase: “a pesquisa científica não pode ser auto-flagelo”. Nós não podemos buscar no nosso sofrimento uma solução criativa para problemas científicos. É preciso explorar outro caminho. É necessário explorar aquilo que nós nos sentimos afiliados na nossa prática social, para que, assim, a aprendizagem seja tomada como um processo de ação crítica que faça parte do nosso cotidiano, que ocupa um lugar especial em nossos pensamentos, nos forçando a ver os problemas nos mais variados ângulos analíticos possíveis. É preciso respirar a pesquisa.
É complicado fazer com que um estudante tenha essa compreensão. E como ironia do destino, como se pensar por si só não bastasse, o estudante ainda deve apreender a escrever sobre aquilo que estuda e que pensa. Ai é que realmente a coisa se agrava. Não é que os estudantes não pensem ou não saibam escrever. O que acontece é que os trabalhos são feitos por contingência social, às vezes às pressas para a obtenção de uma nota, e muitas vezes sem profundidade e demonstrando pouca reflexão, feitos por obrigação.
Neste modelo pedagógico que apresento, como em muitos outros, a obrigação é um componente antagônico, que ao mesmo tempo faz com que o processo ande e pare. Como as atividades de pesquisa são programadas em cima dos temas e interesses dos estudantes, eles são obrigados a contribuir e alimentar o sistema, na forma de uma ação criativa para compartilhar idéias. O progresso no processo não acontece quando o sentimento de obrigação refere-se a produzir algo que preencha o vazio da não produção. Produzir um material simplesmente para não deixar de produzir e, por conseqüência, não obter a nota por ele.
É interessante observar os sentimentos dos estudantes acerca desse processo pedagógico. Quando fui convidado para participar dessa mesa, solicitei a eles que escrevessem um pouco sobre a utilização do blog como um espaço de aprendizagem. Eis o que uma aluna escreve sobre o processo de aprendizagem através do blog:
Acredito que o método foi tão ousado, quanto inovador, porém, como principal ganho destaco a comunicação. Com o blog podemos ter acesso aos temas e projetos dos colegas, bem como expor as nossas facilidades e dificuldades no andamento dos trabalhos. O único problema é que o uso ainda se faz muito mais por obrigação do que por vontade própria, o que tira um pouco a essência da idéia.
A estudante explora a essência da atividade, ela toca, por um lado, na idéia central mostrando que é preciso que haja comunicação entre os estudantes. Sem isso, os trabalhos não evoluem. Essa troca motiva as pessoas a querer conhecer e aprofundar determinados temas. Ela faz o processo de aprendizagem andar. Mas por outro lado, esse movimento é bloqueado pela obrigação da consulta, pela obrigação de ter que ser parte contribuinte desse sistema, de ter que escrever e depositar algum material. O engajamento não é automático e autônomo, e não torna os estudantes capazes de respirar a pesquisa, em um ato natural. Ela nos diz, falta vontade própria, ou seja, para a coisa funcionar, nós, estudante, precisamos entrar de corpo e alma na situação.
É preciso explorar um pouco mais a situação. Outro estudante em sua postagem relata sobre sua dificuldade em compreender a utilização do blog como uma ferramenta pedagógica.
Olha, me desculpem os mouros, mas achei (desde o início dos tempos) e continuo achando que essa idéia de blog ainda não conseguiu um lugar no meu coração como ferramenta auxiliar no aprendizado ou seja lá para o que isso se destina (ou deveria se destinar). Começando com a obrigatoriedade de postagem, passando pela publicação de resumos de artigos (cujos resumos já estavam feitos), acho que isso só me fez (e - putz! ainda faz) perder minutos preciosos de leitura.A publicação de um texto escrito (penso eu) não deve ser uma coisa leviana, sem compromisso, apenas eco de outra opinião. Assim, demoro muito escrevendo, revisando, escrevendo (e como vocês podem ler, nem sempre saem coisas boas). Penso que o blog deveria tomar outro rumo: ser uma extensão das discussões ampliadas (não) começadas em sala de aula, durante as supervisões. As dúvidas levantadas por Matheus acerca dos nossos projetos, essas sim, deveriam ir para o blog para apreciação da turma.
Ele nos mostra como é difícil pensar e assimilar uma disciplina enquanto um processo de aprendizagem, que envolve está disposto a assumir alguns compromissos e correr alguns riscos. Como é difícil pensar nas atividades, como no exemplo de produzir resumos para os artigos, que já possuem resumos. Como é difícil empreender uma escrita crítica que vá além da obrigação de ter que escrever. É preciso treiná-la. Só se aprende a escrever escrevendo. Só se supera a perda de minutos preciosos de leitura, refletindo sobre aquilo que escrevemos, enquanto realização dos nossos pensamentos e idéias. Não se pode acreditar que para escrever e preciso pensar antes. É a partir da escrita que se começa a pensar.
Como o próprio estudante diz, a escrita dever ser compromissada. Ela não pode ecoar no vazio. É justamente a natureza coletiva do blog que permite que o que seja escrito não ecoe no vazio. O que é escrito ecoa na estrutura dos outros projetos e ajuda primorosamente no meu trabalho enquanto gestor das demandas de pesquisa dos estudantes. Essa escrita tem por finalidade fazer com que os estudantes pensem em suas estratégias de pesquisa, aprendendo com os acertos e os erros de outros pesquisadores. Não basta apenas que o professor seja crítico das idéias dos projetos e mostre seus defeitos e falhas. É preciso que os estudantes participem desse processo, interajam e troquem experiências no memento de concepção dos seus projetos. É preciso pensar na natureza desse processo de troca, como aparece no relato de outro estudante:
A postagem dos resumos me permitiu fazer consultas sobre os detalhes dos projetos, permitiu, em função disso, alguns insights, por certo de não haver como apreender isso no espaço das aulas, e no regime das orientações. O que eu ainda não percebo é uma ampla troca entre projetos, algo que creio deve ser proporcionado. Não sei se o blog pode ser esse espaço, mas é preciso que exista a possibilidade de franca troca. Isto já estava bem evidente para mim durante as apresentações finais no semestre anterior.
Como dito, é preciso que exista a possibilidade de troca franca. Não há metodologia de ensino, pedagogia, sem interação entre as várias partes. O estudante fala da sua ação sobre os detalhes. É necessário fazer atenção a isso. A escrita compromissada, aquela que vai além da obrigação de escrever para preencher a necessidade de uma nota, necessita de uma atenção contínua aos detalhes. É preciso aprender com as experiências dos outros e está em interação com seus pares para poder perceber os detalhes que são a base sólida desta experiência pedagógica. Somente assim somos capazes de perceber o processo contínuo de reinvenção do conhecimento produzido pelo homem.
Sinceramente,
No inicio deste ano, comecei a lecionar as disciplinas de Pesquisa em Psicologia I e II. Até então, meu contato com os estudantes de Psicologia somente havia ocorrido quando dividi com a Profa. Silvia Viodres uma disciplina optativa no tirocínio, que tinha como tema central a violência. Pensando em como organizar esse novo desafio, fiquei paralisado diante de um impasse, que acredito que seja motivo de preocupação para muitos professores universitários, principalmente os mais jovens: Como ensinar os princípios básicos da ciência e do fazer pesquisa, muitas vezes endurecidos pela prática acadêmica, sem que eles sejam, chatos e desmotivadores para os estudantes?
Bom, acredito que a motivação seja a chave do nosso negócio. Sem ela, nossas salas de aula ficarão cada vez mais vazias e os alunos cada vez menos interessados no que temos a comunicar. Antes do inicio do semestre, consultei vários livros em busca de alguma estratégia que envolvesse os estudantes na prática de pensar a pesquisa. Observem o dilema: em Pesquisa em Psicologia I os estudantes chegam sem conhecer muita coisa de pesquisa, com temas de interesse sem profundidade, e/ou estão inscritos para cumprir tabela curricular, diferentemente do que acontece nas pós-graduações em que o estudante é aceito mediante a análise de um projeto de pesquisa.
O professor, neste caso, precisa muito do material do estudante. Ele precisa fazer com que essas pessoas explorem a criatividade e pensem em possíveis situações de pesquisa. Isso não pode e não deve ser um movimento solitário, restrito a cada estudante. A direção desse trabalho deve ser coletiva, num partilhar de idéias intenso, para que ao final de algumas semanas os estudantes sejam capaz de dá profundidade aos temas de interesse.
Foi pensando nisso que no inicio das aulas resolvi criar um Blog na net para os estudantes, intitulado Reinventando a Pesquisa. www.pesquisaempsicologia1.blogspot.com Esse instrumento teria duas finalidades básicas: aproximar os estudantes e os seus temas de pesquisa e aprimorar o processo de escrita acadêmica. A disciplina tornou-se, então, uma ação prática dos estudantes que deveriam postar material de pesquisa semanalmente neste espaço e consultar, freqüentemente, a evolução do trabalho dos colegas.
O primeiro passo foi uma apresentação dos estudantes, com destaque para as áreas de interesse em pesquisa. Após a formação dos grupos, começamos a utilizar o espaço para as postagens de resumos de artigos acadêmicos nos mais variados temas. Os estudantes deveriam contribuir com um resumo semanalmente, possibilitando que todos tivessem acesso ao material e analisassem se este era pertinente para o seu trabalho. Neste momento, os conteúdos da disciplina foram direcionados para o trabalho de exploração acadêmica em pesquisa pelos estudantes.
Como tudo não são flores, a troca de informações entre os estudantes não fluiu como o esperado. Foram poucos os que se engajaram imediatamente na atividade e por extensão na disciplina. Por mais que se diga “pensem no que vocês querem pesquisar”, havia uma distancia muito grande entre o dito e a realização prática. Outra vez o problema da motivação. Essa situação persistiu até a primeira avaliação, uma prova de prática em pesquisa, voltada para a identificação e análise de alguns elementos de um artigo científico. A grande maioria não obteve um resultado bom, a casa estremeceu e, enfim, os estudantes despertaram para a sua situação. Não bastava o conteúdo de sala de aula, os livros, a Xerox. Para apreender pesquisa é preciso praticar e neste momento a prática estava relacionada a ler artigos e tentar aprender com os acertos e com os erros de outros pesquisadores.
Logo no primeiro dia de aula enunciei aos estudantes a seguinte frase: “a pesquisa científica não pode ser auto-flagelo”. Nós não podemos buscar no nosso sofrimento uma solução criativa para problemas científicos. É preciso explorar outro caminho. É necessário explorar aquilo que nós nos sentimos afiliados na nossa prática social, para que, assim, a aprendizagem seja tomada como um processo de ação crítica que faça parte do nosso cotidiano, que ocupa um lugar especial em nossos pensamentos, nos forçando a ver os problemas nos mais variados ângulos analíticos possíveis. É preciso respirar a pesquisa.
É complicado fazer com que um estudante tenha essa compreensão. E como ironia do destino, como se pensar por si só não bastasse, o estudante ainda deve apreender a escrever sobre aquilo que estuda e que pensa. Ai é que realmente a coisa se agrava. Não é que os estudantes não pensem ou não saibam escrever. O que acontece é que os trabalhos são feitos por contingência social, às vezes às pressas para a obtenção de uma nota, e muitas vezes sem profundidade e demonstrando pouca reflexão, feitos por obrigação.
Neste modelo pedagógico que apresento, como em muitos outros, a obrigação é um componente antagônico, que ao mesmo tempo faz com que o processo ande e pare. Como as atividades de pesquisa são programadas em cima dos temas e interesses dos estudantes, eles são obrigados a contribuir e alimentar o sistema, na forma de uma ação criativa para compartilhar idéias. O progresso no processo não acontece quando o sentimento de obrigação refere-se a produzir algo que preencha o vazio da não produção. Produzir um material simplesmente para não deixar de produzir e, por conseqüência, não obter a nota por ele.
É interessante observar os sentimentos dos estudantes acerca desse processo pedagógico. Quando fui convidado para participar dessa mesa, solicitei a eles que escrevessem um pouco sobre a utilização do blog como um espaço de aprendizagem. Eis o que uma aluna escreve sobre o processo de aprendizagem através do blog:
Acredito que o método foi tão ousado, quanto inovador, porém, como principal ganho destaco a comunicação. Com o blog podemos ter acesso aos temas e projetos dos colegas, bem como expor as nossas facilidades e dificuldades no andamento dos trabalhos. O único problema é que o uso ainda se faz muito mais por obrigação do que por vontade própria, o que tira um pouco a essência da idéia.
A estudante explora a essência da atividade, ela toca, por um lado, na idéia central mostrando que é preciso que haja comunicação entre os estudantes. Sem isso, os trabalhos não evoluem. Essa troca motiva as pessoas a querer conhecer e aprofundar determinados temas. Ela faz o processo de aprendizagem andar. Mas por outro lado, esse movimento é bloqueado pela obrigação da consulta, pela obrigação de ter que ser parte contribuinte desse sistema, de ter que escrever e depositar algum material. O engajamento não é automático e autônomo, e não torna os estudantes capazes de respirar a pesquisa, em um ato natural. Ela nos diz, falta vontade própria, ou seja, para a coisa funcionar, nós, estudante, precisamos entrar de corpo e alma na situação.
É preciso explorar um pouco mais a situação. Outro estudante em sua postagem relata sobre sua dificuldade em compreender a utilização do blog como uma ferramenta pedagógica.
Olha, me desculpem os mouros, mas achei (desde o início dos tempos) e continuo achando que essa idéia de blog ainda não conseguiu um lugar no meu coração como ferramenta auxiliar no aprendizado ou seja lá para o que isso se destina (ou deveria se destinar). Começando com a obrigatoriedade de postagem, passando pela publicação de resumos de artigos (cujos resumos já estavam feitos), acho que isso só me fez (e - putz! ainda faz) perder minutos preciosos de leitura.A publicação de um texto escrito (penso eu) não deve ser uma coisa leviana, sem compromisso, apenas eco de outra opinião. Assim, demoro muito escrevendo, revisando, escrevendo (e como vocês podem ler, nem sempre saem coisas boas). Penso que o blog deveria tomar outro rumo: ser uma extensão das discussões ampliadas (não) começadas em sala de aula, durante as supervisões. As dúvidas levantadas por Matheus acerca dos nossos projetos, essas sim, deveriam ir para o blog para apreciação da turma.
Ele nos mostra como é difícil pensar e assimilar uma disciplina enquanto um processo de aprendizagem, que envolve está disposto a assumir alguns compromissos e correr alguns riscos. Como é difícil pensar nas atividades, como no exemplo de produzir resumos para os artigos, que já possuem resumos. Como é difícil empreender uma escrita crítica que vá além da obrigação de ter que escrever. É preciso treiná-la. Só se aprende a escrever escrevendo. Só se supera a perda de minutos preciosos de leitura, refletindo sobre aquilo que escrevemos, enquanto realização dos nossos pensamentos e idéias. Não se pode acreditar que para escrever e preciso pensar antes. É a partir da escrita que se começa a pensar.
Como o próprio estudante diz, a escrita dever ser compromissada. Ela não pode ecoar no vazio. É justamente a natureza coletiva do blog que permite que o que seja escrito não ecoe no vazio. O que é escrito ecoa na estrutura dos outros projetos e ajuda primorosamente no meu trabalho enquanto gestor das demandas de pesquisa dos estudantes. Essa escrita tem por finalidade fazer com que os estudantes pensem em suas estratégias de pesquisa, aprendendo com os acertos e os erros de outros pesquisadores. Não basta apenas que o professor seja crítico das idéias dos projetos e mostre seus defeitos e falhas. É preciso que os estudantes participem desse processo, interajam e troquem experiências no memento de concepção dos seus projetos. É preciso pensar na natureza desse processo de troca, como aparece no relato de outro estudante:
A postagem dos resumos me permitiu fazer consultas sobre os detalhes dos projetos, permitiu, em função disso, alguns insights, por certo de não haver como apreender isso no espaço das aulas, e no regime das orientações. O que eu ainda não percebo é uma ampla troca entre projetos, algo que creio deve ser proporcionado. Não sei se o blog pode ser esse espaço, mas é preciso que exista a possibilidade de franca troca. Isto já estava bem evidente para mim durante as apresentações finais no semestre anterior.
Como dito, é preciso que exista a possibilidade de troca franca. Não há metodologia de ensino, pedagogia, sem interação entre as várias partes. O estudante fala da sua ação sobre os detalhes. É necessário fazer atenção a isso. A escrita compromissada, aquela que vai além da obrigação de escrever para preencher a necessidade de uma nota, necessita de uma atenção contínua aos detalhes. É preciso aprender com as experiências dos outros e está em interação com seus pares para poder perceber os detalhes que são a base sólida desta experiência pedagógica. Somente assim somos capazes de perceber o processo contínuo de reinvenção do conhecimento produzido pelo homem.
Sinceramente,
Matheus Batalha
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