quarta-feira, 4 de junho de 2008

As implicações psicossociais da revelação diagnóstica na perspectiva dos pacientes com HIV/AIDS e dos profissionais de saúde.

TEMA DO PROJETO: As implicações psicossociais da revelação diagnóstica na perspectiva dos pacientes com HIV/AIDS e dos profissionais de saúde.
ARTIGO:
Araújo, Maria Alix Leite, Farias, Francisca Lucélia Ribeiro de e Rodrigues, Alanna Virgínia Brito Aconselhamento pós-teste anti-HIV: análise à luz de uma teoria humanística de Enfermagem. Esc. Anna Nery, Dez 2006, vol.10, no.3, p.425-431. ISSN 1414-8145

A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), denominada como a mais recente pandemia da humanidade, constitui-se hoje um dos mais sérios problemas mundiais de saúde pública. Hoje existem no mundo cerca de 23 milhões de pessoas infectadas pelo HIV, das quais aproximadamente 40% são mulheres, caracterizando o que foi denominado de feminização da epidemia. Como conseqüência, ocorreu um aumento de casos de AIDS em crianças, ocasionado especialmente pela transmissão vertical (TV), ou seja, a transmissão do vírus para o bebê durante a gestação, o parto ou aleitamento materno. Com o objetivo de reduzir as taxas de transmissão vertical do HIV, o Brasil adotou a como política pública o oferecimento do teste anti-HIV a todas as gestantes durante o acompanhamento pré-natal. O aconselhamento no pré-natal configura-se em um diálogo que visa a estabelecer uma relação de confiança entre os interlocutores e a oferecer à gestante condições para que avalie sua condição de vulnerabilidade e riscos pessoais de portar o HIV, tome decisões e encontre maneiras realistas, ou seja, maneiras viáveis de enfrentar seus problemas relacionados às DST/HIV/AIDS. Visando a contribuir para a melhoria da assistência profissional às gestantes no pré-natal, esta pesquisa tem como objetivo conhecer como os profissionais de enfermagem desenvolvem o processo de aconselhamento pós-teste anti-HIV para mulheres grávidas. Trata-se de um estudo qualitativo desenvolvido em Unidades Básicas de Saúde da Família de Fortaleza (UBASF). O trabalho de campo ocorreu pela observação do atendimento de 12 enfermeiros em consultas de pré-natal de 12 gestantes. O referencial teórico de análise foi a Teoria Humanística de Enfermagem de Paterson e Zderad visto que a Enfermagem, segundo a teoria, implica um tipo especial de encontro entre seres humanos. A análise baseou-se no conceito de diálogo, tendo como variáveis seus elementos estruturais: o encontro, o relacionamento, a presença e o chamado e a resposta. Observou-se que a assistência às gestantes não atingiu o relacionamento EU-TU, ou seja, o relacionamento sujeito-sujeito, com a presença do diálogo genuíno. Prevaleceu o relacionamento EU-ISSO, sujeito-objeto, onde as gestantes eram reduzidas a casos clínicos, sem capacidade de tomar decisões favoráveis a sua saúde. As consultas eram rápidas e puramente mecânicas, levando esses profissionais, em certos momentos, a fugirem de uma assistência humanizada. O estudo levanta a necessidade de se repensarem as práticas educativas desenvolvidas pelos enfermeiros nas UBASF, visando a elaborações de abordagens inovadoras e estratégias a serem implantadas pelos profissionais que atuam na assistência integral à saúde da mulher nos serviços de saúde.
O artigo levanta um tema bastante relevante, mas sentimos falta de uma descrição mais aprofundada do aconselhamento pós-teste anti-HIV, que é o nosso tema de interesse. Achamos que seria relevante informar quantos dos 12 casos observados se referiam à revelação diagnóstica, e se nesta situação houve diferença de comportamento por parte dos enfermeiros. Acreditamos que as conclusões da pesquisa estão muito mais relacionadas ao tratamento desumanizado que alguns profissionais de saúde oferecem aos pacientes de uma forma geral, do que à análise de uma situação específica de aconselhamento e revelação diagnóstica.

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